Sinto falta do inexistente que jamais existirá

Não sei por onde começar, nem tampouco o motivo pelo qual comecei... Mas já que comecei... Precisava começar... Não sei exatamente o que pensas e nem porque pensas Não sei exatamente o que sentes e nem o porque Sinto que és uma pérola mas não sinto minha E percebo que não é de hoje, mas sim de nunca... ou de sempre És alheio, como tudo é alheio Não entendo o que me ocorre a cada manhã... Não entendo o que fui, o que sou e menos ainda o que serei Tamanho aperto claustrofóbico espiritual que me assombra Como posso saber se o que faço é certo, se nem sei se certo sou? Instintos... Os tenho em abundância e é quase inútil cada tentativa sangrenta de enjaulá-los Minhas grades são muito frágeis e a distância entre cada uma muito vasta Que me perco em um mundo onde tudo é tão brutal Não posso negar que sinto falta dos primeiros olhares De amor e de receio De admiração e uma leve vergonha De não saberes quem sou Muito menos quem és Admiro profundíssimam...